segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A militância contemporânea das prostitutas brasileiras

Prostituição é um assunto que sempre envolve vários outros assuntos como a escravidão sexual de mulheres, os feminismos, o sanitarismo, gêneros, sexualidade, exploração de menores, e uma lista infinita de crimes e medidas governamentais que tangem a prostituição. Dando tantas voltas no assunto nunca se chega a concluir se a prostituição parte de um empoderamento ou uma exploração do corpo feminino, se é uma profissão saudável socialmente.


Na sociedade brasileira atual muitas prostitutas resolveram assumir, e muitas vezes utilizando da internet, suas profissões, explicar suas escolhas, narrar suas vidas, decisões e defendem que é um trabalho como qualquer outro, sob todo tipo de ataque. Indianara Siqueira, é uma transexual que representa muito bem o movimento contemporâneo, a prostituição, a transexualidade, o corpo e a reformulação da sociedade altamente machista em que vivemos.

Hoje fazemos questão de publicar aqui uma entrevista interessantíssima, abaixo fica um trecho, leiam na íntegra em: http://www.nlucon.com/2016/02/destruir-e-nao-me-inserir-diz.html

Durante o seu debate no SSex Bbox, você disse que não quer se inserir nesta sociedade. Ao contrário, quer destruí-la. Explica?

Como a nossa sociedade ocidental, religiosa e etc é fundamentada? É pela mentira. Ou então por apenas uma ótica, machista e patriarcal. Todos os livros que as pessoas aprendem nas escolas e nas universidades são de autores homens, arrasadoramente homens, brancos, classe médica, tido como filósofos e pensadores, mas sempre de uma ótica patriarcal e machista. Raramente vemos autoras mulheres, pessoas negras então não há nada, então as vivências de outras pessoas são anuladas e apagadas. Isso é justo? Não é. Por exemplo: prostitutas são contadas como feministas, mulheres à frente do seu tempo, sendo que na verdade elas eram prostitutas. As mulheres que levaram a Revolução Francesa pra frente, a história de Catarina a Grande não são contadas... E todas as mulheres que são contadas nestas histórias, no final ela sempre precisa de um homem para dar a ela ao valor que ela merece. 

É só ver os filmes românticos, seriados: As mulheres começam todas empoderadas, fumando maconha e tal, mas no final elas sempre precisam daquele homem salvador da pátria. Engravidam, aquele filho tem o nome do pai, que assumiu a criança e é reproduzido aquele modelo de sempre. E, para mim, fodeu a história que estava sendo excelente até (risos). Nos seriados, quando vão introduzir o tema do aborto, uma menina diz que está querendo abortar e daí vem o menino e diz “Não, não aborte, vou assumir o nosso filho”. Não podia mostrar simplesmente ela decidindo: “Vou assumir e pronto” ou então “Não quero ter”. Então, eu falo que quero destruir por causa exatamente disso: para que outras histórias de outras pessoas sejam contadas. É dizer nas escolas que “Dom Pedro I proclamou realmente a Independência do Brasil, porque nesta época os homens é que tinham esse poder. Mas quem assinou realmente a Independência foi Maria Leopoldina, a imperatriz do Brasil, que naquela época era regente do reino, pois nesta época ele estava lá nas margens do Ipiranga”. É contar outra história de Rapunzel para empoderar as mulheres.

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