domingo, 4 de outubro de 2015

Documentário em andamento

Fazer um filme é uma sensação única.

Em 2012, quando começamos a estudar cinema, era muito difícil "desconceber " o imaginário que tínhamos sobre cinema e aceitar toda a leva academicista e teórica que aos poucos íamos engolindo. Aos poucos vimos que só era possível deglutir tanta informação produzindo. Cada vez que pisamos num set é como atravessar ao outro lado do espelho, não há realidade que nos separe da ficção, não há documentário que não é ficcional, não há ficção que não é documental, tudo aquilo que lemos faz sentido, de uma maneira bem mais mágica.


Agora, o peso é bem maior. Falar de tema tão complicado como a prostituição, ouvir em set histórias tão pesadas, bonitas, engraçadas e não poder rir, nem chorar. As entrevistas são muito sérias, cada um concentrado no som, na fotografia, na continuidade, nas perguntas, nas tabelas a serem preenchidas. O cinema antes da tela. É muito pesado roubar a história do outro assim, editá-la e transformar na história que queremos contar.

Quando começamos a campanha não tínhamos noção de quanta gente atrairíamos, como a responsabilidade cresceria. Nos bares da tríplice fronteira nos questionam, visões políticas e sociais, feminismo. Amigos e desconhecidos contam suas histórias pra gente, descobrimos como a prostituição está muito mais próxima de nós, que nós dela. Nossos ouvidos vão virando confessionários.

Cada um que ajuda a campanha aporta sua visão ao documentário, mas no final das contas só as entrevistadas terão voz. Sabemos que editar é manipular o discurso, mas como editar sem recriar o discurso que nos foi confessado? Como não implicar nossa opinião acima da realidade que queríamos, lá no início, mostrar? Corresponder a todas expectativas, sejam estéticas, cinematográficas, profissionais, estudantis, sociais, políticas.

O Putta vai sendo parido a várias mãos. E cada vez que somos questionados somos impulsionados a fazer algo melhor pensado, melhor estruturado, mais abrangente. Acreditamos que o sistema de arrecadação comunitária trouxe para o cinema a participação do espectador na produção de cinema. Estamos nos realizando! Pensamos que era isso que queríamos, mas ainda faltam uns meses pra ter certeza!

Avante Puttas!

Agradecemos a todas puttinhas, puttas de esquina, de bordel, de luxo, puttonas e cafettinas que nos ajudaram até aqui. E pedimos um pouco mais de impulso, já entendemos que vocês acreditam na gente, agora só precisamos uns reais a mais. É TUDO OU NADA! Se não alcançarmos a meta de 3.000 não dá pra pagar as dívidas que já estamos criando e o dinheiro arrecadado volta pros bolsos de cada um que acreditou até agora. VAMO CARAJO!

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