Travesti em inícios de carreira, Amara Moira percebeu mais fácil transar sendo paga do que dando-se de graça, facinha como ela é. Decide então pela rua, fazê-la de esquina a esquina, encontrando nisso prazer em não só viver ali o sexo tributado (nas formas inusitadas em que ele surge), como também em rememorar dps a experiência, retrabalhá-la em texto: travesti que se descobre escritora ao tentar ser puta e puta ao bancar a escritora.
"Do ponto de vista do feminismo radical, é um absurdo alguém defender que mulheres possam vender prazer a um homem, negociar esse prazer, pôr a ele um preço. Dar lucro a um patrão ok, submeter-se a péssimas condições de trabalho ok, mas vender prazer e ainda ousar saciar esse prazer, isso nunca! E não importa os valores da negociação, cinquenta, cem ou quinhentos reais a hora, pois, para esse feminismo, a prostituta será sempre vítima, sempre "explorada" pelo homem perverso vulgo seu cliente. Para esse feminismo o sexo não poderá jamais ser considerado um serviço, receber um valor, ainda que seja uma das experiências humanas mais essenciais, mais incontornáveis. Pessoas não terão acesso, fora da prostituição, a essa experiência? "Danem-se!" Mulheres empoderadas começam a se permitir, inclusive, requisitar esses serviços? "Elas tb são exploradas, não podemos permitir que paguem a homens, muito menos a outras mulheres, para terem prazer!"
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